MEU PRIMEIRO VOO
Como tudo comigo não é fácil, peguei logo
um instrutor “linha dura”, e bota linha dura nisso, logo no D.O.(Despacho Operacional- onde os tripulantes assinam e se apresentam para o voo), informou aos tripulantes do voo que era meu primeiro voo no equipamento . Uma vez dentro do Electra, achei
tudo novo e diferente, a galley os acessórios e troleys, no
entanto, meu instrutor nem me deu muito tempo pra divagar ,
já foi logo mandando-me fazer um monte de coisas, fiquei
até tonto, com tamanha quantidade de coisas a checar e fazer , em um curto espaço de tempo, antes do embarque dos passageiros. “Cheque a quantidade de serviço”, “veja se tem comida
quente”, “confira o carrinho de bebidas”, “veja se tem tudo, o gelo, as
bebidas geladas”, e por fim “cheque as térmicas de café”
(naquela época servíamos o
café em duas térmicas grandes de metal, com uma tomada
atrás, onde se fixava na galley em locais pré determinados: um amargo e
um doce), “esquente o café com o ebulidor (um aquecedor elétrico
que esquentava os líquidos por sua resistência muito forte) na bancada da galley”, enfim, uma quantidade enorme de afazeres , com os passageiros se aproximando, e o cara durão atrás
de mim só me observando, eu apavorado, lógico que acabaria fazendo alguma coisa errada no
voo. E não foi tão pequena, fiz o serviço meio que na correria, o voo estava
lotado e a comissária que estava comigo ficava na dela, pois meu instrutor
tinha fama de durão, de forma que ela não se metia
comigo e muito menos com ele. Corria tudo bem até ajudar
a servir o cafezinho na bandeja: eu todo faceiro,
disse que o café estava bem quente, e
entreguei para a comissária servir aos passageiros. Rapidamente
todos devolveram o café com cara feia, pudera, eu tinha
feito uma grande besteira, na pressa somente esquentei o café
amargo colocando-o nas xícaras sem provar. Um vexame,
e pra piorar, aproveitando os 40 minutos com o avião parado em solo, no aeroporto Santos Dumont, fui logo
pegando uma bandeja de almoço e, sossegadamente, sentei-me pra almoçar, mas meu instrutor na mesma hora disse que “novinho” era o
último a comer no avião. Ficou muito irritado, tive que esperar todos
comerem para finalmente chegar a minha vez.
Foram três voos terríveis com ele, um colega de turma o Leg, o famoso “Perna”, não aguentou e foi à chefia pedir para trocar de instrutor. Eu, no entanto, continuei com ele e, no final, estávamos nos dando bem. Voei por quase um ano nesse avião, com boas histórias.
VOAR UM GRANDE LANCE . HISTÓRIAS DA AVIAÇÃO.






Sempre gostei de viajar nos Electras da ponte aérea. O serviço de bordo er muito bom. Hoje acho um absurdo eu fumar durante o voo, coisa que era normal na época.
ResponderExcluirMuito legal o seu relato, mas seu instrutor deu um excelente exemplo de falta de liderança e de capacidade de instrução. Instruir não é colocar uma corda no pescoço do aluno ou deixá-lo num estado emocional que o prejudique no desempenho da tarefa. Provavelmente ele mesmo, esse instrutor, é um profissional tacanho no desempenho de suas próprias funções. Instruir é guiar a mão do aluno até que ele tenha condições de fazer sozinho e não colocá-lo à prova esperando que ele erre. Esse tipo de atitude é própria daqueles que são medíocres em suas funções, mas querem se sentir superiores a outros de alguma maneira.
ResponderExcluirCmte. Marcelo Quaranta