MINHAS IMPRESSÕES SOBRE O BOEING 707
O Boeing 707
utilizado pela Varig
frequentou as
principais rotas da empresa por muitos anos, e podiam ser vistos quase
diariamente nos aeroportos de Paris, Nova York, Londres, Tóquio, Lisboa, Madrid
e Johanesburgo. Essa aeronave foi responsável pela grande expansão nas rotas
internacionais da empresa nos anos 60 e 70.
Para os pilotos, era uma aeronave complexa e
manhosa. Os seus comandos de voo mecânicos exigia um bom preparo físico, por
serem bastante pesados. Como jato de primeira geração, era muito pouco automatizado,
dando muito trabalho a todos os tripulantes, mas em especial ao engenheiro de
voo. O sistema de navegação por radar Doppler, introduzido nos pioneiros ¨VJA e VJB¨ , era bastante
complicado e impreciso, e a margem de erro num longo voo de 11 horas para a
Europa, por exemplo, podia chegar a 20 milhas (ca. 32 km) náuticas. A partir de
1974, o, Boeing 707 começou a ser progressivamente substituídos por aeronaves Wide-bodies, os Mc-Donnell-Douglas
DC-10 e os B-747, inicialmente nas linhas de maior prestígio e movimento. Como
resultado disso, o B-707 passou a atender linhas africanas, como Abdijan e Johanesburgo.
O cockpit da aeronave era bastante apertado para os 6 tripulantes,
especialmente em longos voos de carga, como era lembrado nas palavras de alguns
comandantes desta aeronave, imponente com uma cabine econômica enorme, comprida
e que não acabava nunca,e onde tínhamos que fazer malabarismos para executar o
serviço de bordo.
A seguir, como não
poderia faltar uma pequena história que vivi neste avião:
Nessa época trabalhava na Galley da primeira classe e sem experiência alguma ainda
em instrução, gostei muito desse avião apesar dos sustos que passei nele. Tive
momentos tristes nesse avião, como a perda de uma tripulação inteira em
Abdijan, e momentos de perigo também, pouso quase sem hidráulico e fora voar
com três motores, enfim um avião cheio de histórias A história que contarei
será sobre meu primeiro voo solo de galley , naquele tempo após o serviço de jantar a auxiliar
pegava os pedidos dos passageiros para os ovos do café da manhã, e eu na galley , seria o encarregado de preparar tudo para o
serviço Embarcava um Boiler
enorme, para aquecer
a água do café, já que eu deveria coar uma térmica (3 litros) inteira de café,
e também para os ovos de 3 minutos. Também embarcava uma frigideira elétrica
enorme que a gente conectava na tomada da galley sobre a caixa onde ficavam as bebidas (um balcão)
na galley. E lá fui preparar os ovos fritos e
mexidos, que depois de prontos ficavam dentro do forno pré-aquecido pra não
esfriar Esse era meu trabalho no segundo plantão, antes do café, além é claro
de servir a tripulação técnica, muita coisa, pra esquecer, e adivinhe só, eu me
esqueci de um detalhe muito importante, na instrução meu instrutor me ensinou
que fritar e preparar ovos somente com manteiga clarificada e nunca com óleo,
mas acontece que a comissária sempre aprontava, e embarcava além da manteiga
clarificada do caviar também um pote de óleo. E foi aí meu erro, começou a
ficar uma fumaça enorme na cabine fora o mau cheiro de óleo queimado, até o
copila levantou pra ver o que acontecia. Um verdadeiro fiasco morri de
vergonha, mas no final deu tudo certo.
Sem dúvida alguma, o, Boeing 707
marcou toda uma época na aviação brasileira, assim como aconteceu no resto do
mundo. Mas a carreira deles foi bastante conturbada. Finalmente, a Varig retirou de serviço
seus últimos 707 em 1989, e todos os remanescentes foram vendidos.
VOAR UM GRANDE LANCE . HISTÓRIAS
DA AVIAÇÃO.






















































