Operação AVRO no Rio Grande do Sul
Martin Bernsmüller
Um capítulo estranho da história de nossa querida VARIG
Essa
é uma história de um dos maiores erros de estratégias que a Varig cometeu, um
erro baseado na decisão de uma pessoa, provando, que em uma boa gestão,
decisões importantes devem ser tomadas em conjunto, e muito bem estudadas e
planejadas.
A Diretoria de
tráfego Doméstico, na época, é que planejava as futuras linhas que a Varig iria
operar no Brasil, e achou por bem dar uma maior atenção nos voos para o
interior do Rio Grande do Sul.Por conta disso, substitui os antigos DC-3, por
modernos turbo-hélices-Avro. Até foi criado um serviço de bordo chique, que
prometia drinques, canapés e refeições frias, além é claro do lançamento do
CREDI-AVRO, para o financiamento das passagens. Essa diretoria atuava junto com
outras diretorias, entre elas, a de Propaganda e Marketing, Operações e Serviço de Bordo.
Mas às vezes, a estratégia nem sempre dava certo, e a Companhia gastava
dinheiro e tempo, simplesmente sem alcançar objetivo algum, fazendo com que,
tivesse que voltar atrás em decisões equivocadas e caras, vejam esse exemplo
que nosso colega Martin
(comissário de voo aposentado pela Varig) nos contou e vivenciou, segue o texto, com as
palavras dele; ¨Março de 1971 fui chamado à Chefia dos Comissários e imbuído de
uma missão inédita: a tentativa de reconquistar o mercado de passageiros e
carga nas linhas do interior do Rio Grande do Sul. Para tal foi preparado o avião AVRO, prefixo- PP-VDT
(logo apelidado de
vedete'......VeDeTe). Foi o único com música
ambiental interna (na base de toca-fitas K-7), um serviço de bordo muito
especial e um carrinho para o serviço !¨
Aí você já começa a ter uma ideia da loucura que foi esse projeto, onde a pessoa que elaborou isso tudo nunca voou como tripulante, o Avro era um avião pequeno, que não comportava esse tipo de serviço mais refinado. As linhas que seriam atendidas: POA/Bagé/Santana do Livramento/Bagé/POA e POA/SantaMaria/Alegrete/Uruguaiana/Alegrete/Santa Maria/ POA.
Este uniforme
desenhado pelo renomado costureiro gaúcho da época, o costureiro Nazareth, era
baseado em trajes típicos das gaúchas, a bordo as comissárias não usavam o
chapéu, e na cabeça, usavam uma tira de couro trabalhada, tudo muito bonito, mas
nada prático, tanto que o costureiro acompanhava os voos nas cidades, para
ajeitar o melhor possível o uniforme nas comissárias, e o curioso é que ele
sempre ia de carro antes, pois morria de medo de andar de avião. Até que uma
vez o voo ia pra Livramento e ele foi como sempre de carro, e por infelicidade
do destino, ele se acidentou na estrada e acabou morrendo. Um uniforme vistoso,
mas nada prático criado por uma pessoa, que nunca teve a menor ideia, do que se
passava a bordo de uma aeronave.
Continuando com o depoimento do colega: ¨Pois bem! Transferi-me temporariamente a Porto Alegre e ajudei a comandar o belíssimo espetáculo. Durante duas semanas efetuamos voos de apresentação em cada cidade (sempre eram três decolagens: uma com as autoridades e jornalistas locais, outra com empresários da região e ainda outra para quem se apresentasse à porta do avião). E nós tínhamos de servir espumante em taças de cristal da 1.ª Classe da Varig nos voos de cerca de 20 minutos à baixíssima altura, sacolejando como se estivéssemos dentro do maior CB ( nuvem Cumulus) ¨.
Pensem no sufoco que foram essas
apresentações, voos em altitude baixa com várias pessoas e serviço de luxo. Um
inferno Chegavam a fazer três voos panorâmicos por cidade, com todo o serviço
de espumante, e muitas vezes, as pessoas passavam mal a bordo, devido ao
sacolejo e acabavam sujando todo o avião, e sempre sobrava aos comissários
fazerem a limpeza, mas o cheiro no avião ficava impregnado. Três meses após o
início das operações foi acrescido mais um voo: POA/Cruz Alta/Santo Ângelo/Cruz Alta/POA.
Os resultados financeiros foram
nada satisfatórios e após oito meses toda a Operação AVRO Rio Grande Do Sul foi
cancelada, um enorme erro de estratégia. A única coisa boa dessa operação, foi
o comissário Martin, ter conhecido a mulher, que seria a sua futura esposa.
Outro detalhe disso
tudo foi que anualmente era organizado pela IATA, um concurso, que premiava o
mais bonito uniforme dos comissários/as, e não preciso dizer que o uniforme das
comissárias dessa operação levou o premio de uniforme mais bonito e original
das companhias aéreas, naquele ano.
Uma história de um fracasso da nossa
Varig, que precisa ficar nos registros.
VOAR UM GRANDE LANCE. HISTÓRIAS DA AVIAÇÃO.





Meu pai era o gerente RIA. Lembro bem do coquetel de lançamento do serviço Avro. Alugaram o Clube Caixeiral e serviram tudo de bom e de melhor...caviar, champanhe, canapés, etc...
ResponderExcluirAs "forças vivas" da cidade foram todas convidadas, e encheram o clube.
Saiu nos jornais locais com pompa.
E lembro do pai falando sobre o Martin e esposa, que se conheceram por causa do Avro...heheeh... Só reclamavam do numero de botões que tinha o vestido. Piadinha..
boa noite, sou luiz fco. ex.funcionarionserv.aero cruzeiro sul e varig 1969 a 1993, o que dizer Rio Sul,Nordeste, compra da Cruzeiro do sul em 1982, voo do BRASIL PARA JOANESBURG DIRETO eu ouvi muitos comentario aeronave batendo lata compouco aproveitamento etc.
ResponderExcluirVoei em um Avro de B. Horizonte, aeroporto da pampulha a Paulo Afonso, Bahia. Só funcionários da RG voo promocional, acredito. Penso que da nossa base, pelo menos 80% foram convidados. Ano 70 ou 71. Só saudades.....
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